terça-feira, 29 de março de 2016

Cabeça feita

Treze músicos e uma missão: eletrizar você
Bater tambor tem um significado especial para os brasileiros. Porque convoca nossa ancestralidade e nos enraíza ainda mais nesse estado de todos sermos também um pouco, ou muito, negros. Não é só o pé na senzala, é o corpo inteiro, indicativo de uma alma que tem inclusive e indelevelmente as cores quentes da África. Nesse terreiro somos todos brincantes e, se temos musicalidade afoita, devemos a uma herança de noites de banzo e batuque. Por isso, essa dívida que não cessa com os ritmos de percussão forte que, miscigenados sem preconceito a outros sons de fontes diferentes, geram música ao mesmo tempo moderna e radical. Os paulistanos do Bixiga 70 exercitam, há alguns anos e CDs, magistralmente essa mistura. Jazz, batida eletrônica e instrumentos percussivos num único e delicioso cadinho. Na mesma linha abrasiva comungam os cariocas do Abayomy, que oferecem seu segundo trabalho, Abra sua Cabeça (2016), sob a assumida influência e benção do suingado e politizado afrobeat do incendiário Fela Kuti. Um álbum maduro que coloca de vez o combo do Rio de Janeiro na lista da finíssima e boa música que você não pode deixar de ouvir.

Escute o disco na íntegra:
É preciso que se diga que, do primeiro disco do grupo de 2012, assinado ainda como Abayomy Afrobeat Orquestra, para este segundo, os 13 músicos da banda abraçaram uma variação musical que, se não os afastaram muito da sonoridade da estréia, os aproximaram do batuque característico da Nação Zumbi. O grupo continua sendo afrobeat dos bons com um toque personalizado e enriquecedor dos tambores do maracatu pernambucano a cargo do produtor do CD, Pupillo, da banda que nasceu com o mítico Chico Science. Os cariocas mantem saudavelmente o elo com a música que transformou o multi-instrumentista nigeriano Fela Kuti numa figura capital, quase uma entidade, por ter ousado misturar ritmos africanos com os ocidentais sem ter perdido a identidade. A contribuição de Pupillo vem para agregar um batuque a mais, tambores e guitarras dissonantes a mais, sedimentando a essência afro-brasileira no já fervilhante e miscigenado som da Abayomy. É evolução. É a busca de uma mistura que não tem tempo ruim e nem prazo para acabar.

Combo carioca refina música em disco primoroso
A reverência explícita a Fela Kuti aparece logo na primeira música, que dá nome ao álbum, a emblemática “Abra sua Cabeça”. A introdução dessa composição é feita por ninguém menos que Tony Allen, o baterista conterrâneo e diretor musical do grupo nigeriano que criou o afrobeat. Clarividente. O mestre abre a roda para o poderoso casamento de batuque e jazz que mexe com nossos sentidos. E reforça também, com seus metais e tambores, o talento bem temperado de um combo de músicos azeitados e que não brincam em serviço. Os deuses da África e do Brasil baixam sem dó nem piedade nos dedos e pulmões de Alexandre Garnizé (vocal), Claudio Fantinato(percussão), Mônica Ávila(sax e flauta), Rodrigo Larosa(percussão), Gottardi(guitarra), Maurício Calmon(teclado), Marco Serragrande(trombone), Leandro Joaquim(trompete), Zé Vitor(guitarra), Fábio Lima (sax), Gustavo Benjão (guitarra), Thomas Harres(bateria), Thiago Queiroz(vocal). Na canção de abertura, essa galera afinada leva o afrobeat a extremos num instrumental pontuado por letra curta, dispensável até, tal a pegada orgânica do som, mas que não tira o brilho dessa instigante música.

Cabeça aberta, o álbum segue na trilha “afrobeatiana” com outras criações de peso não deixam a peteca cair para quem está disposto a ser definitivamente abduzido pela dança. África e tambor batem forte em “Oya! Oya!”, com metais e instrumentista tinindo, numa música engajada com direito a citação dos revolucionários Hélio Oiticica e Che Guevara, repetindo também aqui a politizada atitude da escola arquitetada por Fela Kuti: “Seja marginal, seja herói/Pois é a margem desse rio que eu pego peixe pra alimentar/ (...) Um camarada diz: Sem perder a ternura jamais”. Mesmo teor contestatório presente na mais cadenciada, mas não menos vibrante, “Com Quem”: “Eu te disse o que ia te acontecer com quem quer te ferrar/Com quem rouba seu dinheiro/Com quem rouba seus direitos”. E assim como começou, “Abra sua Cabeça” termina sua enérgica viagem pela batida africana em “Peleja”, uma das melhores do álbum, com discurso aberto e direto em defesa da negritude: “Negro se vê diferente, porque certamente igual não é/Ainda tem muita gente que acha que negro nem gente é”.

Pupillo troca sua experiência e influência com a Abayomy em músicas onde podemos perceber a fusão do afrobeat com a sonoridade da Nação Zumbi em perfeita sinergia, sem que o bando carioca varra sua identidade. Às vezes de forma mais direta, como na superbacana e hipnótica “Vou pra Onde Vou”, que conta com a participação na letra e voz de Jorge Du Peixe, vocalista da Nação, música que bem poderia ter saído de um CD da banda pernambucana. E também na mais pop e funkeada, “Mundo sem Memória”, com o endiabrado Otto dando um alô e fazendo ode ao samba: “Não fique por perto, que o samba é elétrico, o samba é feito de raio e trovão/Com cheiro de rosa, perfume na mão, a mulata assanhada não pede perdão/Diz aí companheiro, o samba é guerreiro”. Ou na climática e bonita(repare nas camadas produzidas pela guitarra) “Sensitiva”, único momento em que o grupo tira o pé do acelerador e tece um tapete de rosas para a cantora Céu pisar e cantar com sua voz sensual. Do número dela, essa linda canção. Com um pé na África e outro no Brasil, Abayomy faz de Abra sua Cabeça um vigoroso exercício de beleza e precisão, o estreitamento de laços com uma música dançante, corajosa, feita para ouvidos valentes e almas espertas. Sal grosso pra afastar mazela e mau olhado. É assim que se faz quando se vem pra ficar.

Cotação: ótimo

Baixe Abra sua Cabeça:

terça-feira, 22 de março de 2016

Dos discos de 2015 que ouvi em 2016 ou Me gusta, te gusta, quem não gosta?

O combo Macumbia, da Paraíba: batuque certo para animar qualquer festa
Na região mais ao norte do país, estado onde repousa parte do imponente Monte Roraima, gigante numa fronteira que parece ter saído de um sonho desses de filme de fantasia, vivo. Em Boa Vista, a capital. Aqui há sombras de um realismo mágico tal qual um livro não escrito de Cortázar muito e, principalmente, pela influência avassaladora de tantas raças, deuses e ritos. Ritos que vem do concreto cheirando a novo, do Nordeste profundo, das profundezas da floresta amazônica que se se revela nos cheiros tropicais trazidos por inesperadas ventanias. Nos deuses pre-colombianos que de quando em vez dançam no solo da cidade que tenta desesperadamente ser moderna, convocados por instigados venezuelanos que buscam enviesadamente se enraizar por aqui. De tantas cores de pele, de tantos pelos lisos no couro da cabeça, de bugre, de índio, de branco, de olhos miúdos que pontuam a tez soberana do rosto ou do tamanho do globo terrestre, amendoados, tão belamente negros, da graça brasileiramente nordestina e sua cultura radical, tudo isso traz seus tambores, seus sons roucos, uma musicalidade que se permite fértil em terra de tantos tons. Quem imaginaria que da Paraíba viria uma música que aqui, no início do mundo, se mostraria muito mais comum? Porque do caribe, do pop reggaetown venezuelano cheio de marimbas e maracas, tão vizinhos daqui, a inspiração seria mais osmótica. Mas, Macumbia, a banda paraibana, e seu fervilhante Carne Latina (2015) mostram que a influência cruza fronteira, transpassa brasis e faz de nosso continental território um só organismo.

Assista vídeo caseiro de “Pablito”:


E se nesse organismo Brasil existe uma característica, um elemento que nos unifica, esse é a alegria. Aquela que nos faz sobreviver diante de situações tão agudas e exasperantes, como a que vivemos atualmente na política. A mesma que pode nos salvar do ódio e do rancor que emerge de uma disputa ideológica onde, no fundo, ninguém está com a razão porque os dois lados conseguem sequer se questionar dentro da inefável geografia da civilidade. Essa pulsação que, de alguma forma, nos liga também a uma territorialidade ainda maior, a essa América do Sul que faz da carne latina espelho desse espírito solar e o gene predominante desse combo paraibano. Macumbia é o lado travesso, o lado travesti, a alma travestida de baile e pista de dança. É o Brasil latino que chama simplesmente para se requebrar e ser feliz perdendo o máximo de calorias e mau humor. Essa carne latina que se oferece quente e provocante não deixa espaço pra tempo ruim. Dez músicos chamam pro terreiro, pra essa irresistível macumba que flerta com a rumbia, o reggaetown, o batuque brasileiro e toda uma latinidade cucaracha tão orgânica quanto pode ser a alegria. Os dez, Thales Pessoa (guitarra e vocal), Erik Martinez (vocal), Rafael Farias (baixo e vocal), Priscilla Fernandes (percussão), Katiuska Lamara (percussão), Bruno Braz (guitarra), Xico Vasconcelos (bateria), Dave Kane (trompete), Rodrigo Marques (saxofone) e Alesson Rayf (trombone), convidam pra festa.

Banda é movida pelo mistura de ritmos latinos e brasileiros
Carne Latina, com a permissão dos deprimidos de plantão, pode ser um respiro nesse momento de agonia onde todos parecem viver um justificável, diga-se de passagem, clima de missa de sétimo dia. E a alegria, afinal, é também santa. Por isso, ouvir o segundo álbum de carreira dos paraibanos do Macumbia (o primeiro é Chuta que é Macumbia, de 2013), é de fé para quem gosta de esquentar, desencanadamente, alma e pé. Então vamos nos despir dessa casca grossa maniqueísta que hoje tentam nos impingir para se deixar levar, pelo menos nos pouco mais de 40 minutos de vida do disco, pelo poder das maracas e percussão sul-americanas. Cantado em espanhol, português e deliberadas e hilariantes pitadas de portunhol, o vibrante instrumental mexe com todas as células de nosso corpo. E faz das músicas como “Por que Yo?”, um emblemático abre-alas do álbum, tapete vermelho para entrar com o pé direito no salão de dança. Aqui, depois de uma introdução eletrônica climática, a bem humorada canção de levada caribenha descreve um desses “baculejos” que os cidadãos amantes da vida noturna costumam levar e o lamento pelo infeliz e sempre constrangedor ocorrido: “Ai, mi cielo, porque yo? (Usted rodou) Capitão Medina, tu sabes que soy inocente”, cantam aturdidos. É o começo de um baile caliente que nas sete músicas seguintes que certamente tem tudo para deixar nossas roupas ensopadas de suor.

Caribe, Brasil, rap e brega se enroscam sem vergonha em uma massa sonora conduzida com fervor pela trupe que reúne, em círculo aberto, vários representantes dessa américa de ritmos festivos. Exemplo disso é a envolvente e sensual “Cobertor”, que incita e provoca já nos primeiros acordes: “Pra que tu queres um cobertor se tua negra já lhe tem calor todo o dia”. O arranjo que lembra a velha escola cubana do Buena Vista Social Club, influenciada pelo jazz e pelo batuque ancestral, se apodera da composição, um dos bons destaques de Carne Latina. Tem cunho mais clássico, assim como “Papai Noel”, que fecha o disco em tom mais instrumental até para mostrar que os meninos da banda se arriscam a voos mais sérios. No meio do caminho, o que se vê contudo, e o que dita o clima do álbum, é uma despojada forma de cantar o cotidiano do jeito mais dançante e alegre que esses piratas da felicidade podem nos oferecer. “Pablito” é fuleiragem e cumbia das boas, com a participação especial e o aval dos ótimos potiguares da banda DuSouto e todos os elementos, lícitos e condenados, que povoam uma noite ilimitada de festa: “Tequila, mulher e marijuana que interessa/Me gusta, te gusta, quem não gosta?/Pablito já chegou foi com a coca, direto de Bogotá/Se for pra misturar com rum pode botar”, sacaneiam com estilo os doidos e os pudicos.

Em “Passito de Cuernavaca”, com ecos de cucaracha mexicana (que viva o México) e arranjo superdançante, o Macumbia produz uma de suas melhores composições “para bailar em la madrugada”. Com toque mais brasileiro, beirando o brega, “Parahyba” é outra engenhosa composição que lembra o carimbó e o ritmo elétrico da guitarrada paraense, acompanhados aqui por um impagável teclado. Curtidos pelo sol privilegiado de João Pessoa, sem dúvida uma das capitais mais deliciosas pra se viver neste país bonito por natureza, os beach boys e as boys (pras bandas de lá há essa denominação divertida e incongruente para ambos os sexos) do grupo fizeram de Carne Latina um bólido de alegria para se viver sem culpa. Simplesmente dance, como se não houvesse amanhã, despretensiosamente, com a leveza dos que precisa desopilar do estresse e das maldades do mundo. Por isso, nesse caso, quando avistar essa macumbia, não chute, abrace, porque essa é do bem e da boa.

Cotação: Bom

Baixe o disco em:  www.macumbia.com.br

sexta-feira, 18 de março de 2016

Dos discos de 2015 que ouvi em 2016 ou Difícil é sair ileso daqui


O sergipano e sua música: "Só não pode sair ileso daqui"
Engajamento é a palavra da vez em terras brasileiras. Mas, é fato: precisamos realmente estar engajados com algo. Nem que seja com a vida. E se essa nos cobra um posicionamento em função de uma conjuntura extrema, devemos responde-la, mostrar postura e se revelar. Porque passividade diante daquilo que nos afeta tão profundamente é descaso com aquilo que nos rodeia, com nossa família, nossos amigos, com quem amamos, conosco mesmo. É perda de identidade. Opinião é algo que molda a gente, que faz uma comunidade, um país mais senhor de si próprio. A presidenta que se expõe ao julgamento público, o partido que se torna alvo, uma oposição que faz estardalhaço, tem que ter, após uma análise fria de tudo que os colocou num único saco, um engajamento seu. Mas, sem socos e balas, claro. Porque tudo isso tem a ver com você.  E é isso que nos faz melhores. Debata, entenda os argumentos e tenha, principalmente, os seus muito bem fundamentados para que você não seja massa de manobra e sim elemento de transformação. E o que isso tem a ver com o álbum Enquanto Espera(2015), do sergipano Alex Sant’Anna? É que esse rapaz, nem sei se ele é pro ou contra nossa presidente, com certeza tem postura, engajamento com ótimas idéias que se transfiguram em música. E das boas.

Veja o vídeo de “Cansaço”:


Não como um Chico Buarque, que rasgava o verbo para, nas entrelinhas da poesia, falar da dor de uma nação dilacerada pela ditadura. Não como um Geraldo Vandré que rasgava a carne pra enfrentar com suas letras, de peito aberto, aquele mesmo regime militarista, medonho e cruel. Afinal, o Brasil é outro, se apascentou, se acomodou nesses anos estáveis, precisando de um desfibrilador pra acordar o coração dessa população que parece ter perdido a fibra política, o pulsar da consciência coletiva. O engajamento de Alex Sant’Anna, que desde 2004 não gravava um álbum cheio, é com a atitude diante da vida, é com a provocação. Essa música provocativa chama para o movimento, para a ação: “Pode até sangrar, tem que arder/Pode aliviar, tem que arrepiar/Tem que tirar os pés do chão/Tem que acordar pra querer cantar o refrão(...)/Só não pode sair ileso daqui”, canta ele na superbacana “Ileso”. Fazer música do bem, que nos incite a pensar, ou, pelo menos, repensar como vivemos, é fazer política. A sua maneira e com muita grooveria, esse cara, com suas composições de letras fortes e engajadas chama pra luta. E, o que é ainda melhor, com talento e musicalidade a flor da pele.

O sergipano Alex Sant'Anna mostra suas poderosas armas
Numa leitura paralela ao momento político conturbado que nós brasileiros vivemos, no meio dessas manifestações com a cara e cheiro da elite, Alex Sant´Anna seria o cara que vem na contramão, o que se mostra. E aí ele se joga de corpo inteiro, sem medo, se engaja naquilo que canta com sua voz direta, grave, com peso, arranjos e medidas certos. Seja na crítica a uma certa passividade, meio típico de nossa alma tupiniquim, que deixa a alma em suspensão na suingada “Enquanto Espera”(“Espera pra nascer/Espera pra falar/Espera entender/Espera levantar/Espera envelhecer/Espera suportar/Espera entender/Espera explicar/Quem vai chegando vai ficando atrás.”), alfinetada que se repete no reggae malandro de “Tô Engolindo Sapo” (“Tô engolindo sapo/Tô engolindo sapo/Não vejo a hora de estourar/Esse nó na garganta vai desatar.”), seja na canção do amor demais, em “O Dono da Dor”, com uma aguda sensibilidade (“Se ferida aberta do peito cai o sal da saudade. Arde!/Este ardor não tem quem dê jeito/Só o tempo pra fazer o milagre”), tudo é feito com entrega, com “roubando uma palavra da música anterior”, com muito ardor.

Essa entrega é definitiva, letra e música passionais derramadas por canções bem dosadas, de melodias que ficam tatuadas na memória. É com sangue quente que Sant´Anna, que já dividiu o palco com outros inquietos, como Tom Zé, Wado e Mombojó, encarna o homem se debatendo para se manter aceso, em “Culpa”, uma das melhores composições do disco, um rock de melodia que vai num crescendo agoniado, como rastilho de pólvora, com seu baixo e guitarra incendiários: “Deve haver uma saída(...) O homem que se preza anda/Não se ajoelha ainda/Não se entrega, insiste”. E é com essa fúria que volta à tona, depois do mergulho do fim do relacionamento, na bela metáfora que é “Verniz”: “Gastou, gastou o verniz do nosso amor”, canta Alex encarniçado, outro rock ainda mais pulsante. Essas duas canções chama atenção ainda para os bons arranjos, comandados por Leo Airplane. E há ainda espaço em Enquanto Espera para pequenas preciosidades, músicas despretensiosas de sabor pop como a bem humorada “Cansado”, de espírito buliçoso, e a tropicalista “Coceira”, uma marcha carnavalesca recheada de ironia pra ser cantada em rodas de amigos: “Guardei uma coceira nas costas/Pra quando você chegar/Na geladeira uma cerveja gelada/Pra quando você chegar/Pra você não ficar chateada/Quando você chegar. Enquanto esse dia não chega, eu vou cantar”.

Enquanto Espera é assim pois, um disco de inconformismo com dias de marasmo, de engajamento com a proposta de se fazer boa música, decente e honesta. Quase todo escritinho por Alex Sant’Anna, são poucas as parcerias, o álbum, o segundo de sua carreira, depois da distante estréia de Aplausos Mudos, Vaias Amplificadas(2004) é um desses doces e inesperados presentes. Desses que fazem a gente esperar pelo próximo trabalho com a sensação de que haveremos de ser acalentados mais uma vez pelo bom gosto e boas idéias do sergipano. E enquanto esse dia não chegar, vai sempre valer a pena uma revisita a essa obra que se apresenta marcante com sua inteireza e tapas na cara. Quem tem ouvido pra escutar, que escute, porque essa novidade, no rumo que tomou, veio para ficar.

Cotação: Ótimo

Faça o download de Enquanto Espera e do disco anterior do artista em:

Gasolina na monotonia

O fogo é um elemento vivo, hipnótico e, fundamentalmente, poderoso. Como um deus dançarino que carrega em sua coreografia desordenada o dom...